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“Precisamos seguir menos métricas e mais sonhos” – Christian Dunker

“Hoje, o Brasil é o primeiro colocado quando falamos em ansiedade, e o terceiro em depressão”, segundo o psicanalista Christian Dunker, em sua apresentação no evento Fronteiras do Pensamento.

A informação que há algum tempo perturba o cotidiano dos brasileiros é um fenômeno relacionado às escassas condições econômicas e ambientais de um sistema em crise, apresentou o economista Eduardo Giannetti.

Segundo Dunker, uma pesquisa de saúde mental no país de que participou apontou o desemprego como causa de ansiedade e depressão. “Nossos adolescentes, estudantes universitários e estudantes de pós-graduação também estão em sofrimento crítico, se mal administrado, facilmente se transforma em doenças”, disse ele.

Uma razão para este sofrimento em massa é que o direito de querer é constantemente negado num mundo capitalista hiperglobalizado. “O desejo não é vontade, mas foi tematizado por Freud como sonhos, uma voz interna em que você não se reconhece. Dúvidas, angústias e incompletudes. Portanto, é sempre um enigma.”

“Nossa era traduziu nossos desejos em metas, métricas, objetivos e resultados que temos que planejar para o próximo semestre ou ano”, argumentou. “O empacotamento do desejo é compatível com um mundo sem futuro de verdade.”

Assim, apesar da proximidade dos desastres climáticos causados ​​pelo atual sistema económico, é ainda mais fácil “imaginarmos o fim do mundo por desastres do que imaginar o que fazer em relação a isso”, segundo o escritor británico Mark Fisher, apontado por Dunker.

As pessoas tendem a gostar da ambiguidade – ela desfaz casamentos, afasta entes queridos ou provoca demissões. É por isso que tendemos a buscar a ordem e o planejamento, que agora foram assumidos pelo mercado. “Essa entidade, o mercado, fala de que futuros que conseguimos conceber, enquanto contabiliza e precifica o futuro”.

 

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