Uma reflexão que fiz, a não muito tempo atrás, me deixou muito empolgado para fazer esta pergunta agora e então discutir com você uma resposta.

 

Você é Estrategista ou Ferramenteiro?

 

Nas Empresas WEB o Ferramenteiro é o funcionário, ou o profissional, que sabe tudo sobre criar perfis nas redes sociais, no Facebook, no Twitter… sabe ainda onde é que fica cada botão de configuração no Google Analytics, no Adwords, como usar os melhores softwares para monitorar a presença de uma marca na Internet, sem falar que é com ele essa história de postar em um blog, pois é o cara que sabe instalar um WordPress no servidor ou mexer no FTP. Essas são tarefas dos Ferramenteiros.

 

Perceba então que é um Ferramenteiro que torna possível o trabalho do Estrategista. É quem monta o time de criação e faz a coisa toda acontecer, tirando o plano do papel. Ele transforma a estratégia em realidade, em uma ação concreta e visível não só ao seu Estrategista, mas para o Usuário ou Consumidor Final – normalmente o seu público alvo que acessa a sua página através da Internet, seja pelo seu PC, notebook, tablet ou smartphone.

 

Já o Estrategista tem um diferente papel. Olha para um negócio e sabe que há cerca de 50 milhões de bichinhos de estimação no país (1 para cada 4 pessoas), que cães e gatos somam cerca de 40 milhões de animais e grande parte das despesas com eles ficam por conta da alimentação (65%).

Os animais são tratados como parte da família e tem como público-alvo, para produtos relacionados aos pets, principalmente as mulheres (70% das compras) e que os proprietários de pet gastam cerca de R$760 por ano com cães.

Então de posse dessas informações, um Estrategista pesquisará onde se encontra tal público-alvo, como ele interage com o mercado para suprir seus desejos de consumo e, principalmente, porque compram mimos e adereços para seu pet. Será que fazem isso para suprir a falta de filhos ou porque gostam de exibir seu pet para a sociedade? Ter um pet é questão de carência causada pela sociedade caótica e solitária?

 

As primeiras perguntas de um Estrategista, após profunda leitura do cenário, do negócio, do público-alvo, serão:

 

“Qual a conversão da ação digital? Quais foram as vendas? A geração de leads? Ouve doação, recompra?”, “Qual a abordagem de comunicação a ser usada para convencer o público-alvo a converter a meta?”, “Onde o público-alvo se concentra? no Facebook, no LinkedIn, no Decora.me, no blog?”. “Quais as necessidades, desejos e ansiedades que esse público tem para serem preenchidas?”

 

Essas perguntas não tem relação com a ferramenta, mas sim com as pessoas e com o business. Um Estrategista enxerga o business e a conversão (o visitante virando cliente). Ele pode não saber onde está o botão para transformar perfil em Fanpage no Facebook, mas sabe que isso é necessário para gerar relacionamento com o público-alvo.

 

Em resumo, o Estrategista precisa saber o que é possível fazer, mas não necessariamente é mais importante saber como fazer.

 

Por isso ele tem o Ferramenteiro. Muitos Estrategistas são também razoáveis Ferramenteiros. Sabem fazer uma boa campanha de Adwords ou entendem razoavelmente de SEO, mas sem dúvida, não entendem tanto das ferramentas como alguém que passa o dia inteiro sobre elas.

O grande problema é quando um profissional (ou o mercado) confunde estratégia com ferramenta. Criar uma Fanpage não é estratégia. Estratégia é o que você faz com a Fanpage e como ela conversa com todas as outras iniciativas gerando um resultado tangível, previsto e crescente. O Estrategista é e sempre deve ser um leitor de pessoas e de mentes, um excelente profissional da Administração de Marketing. Um Ferramenteiro é um especialista em operar a máquina.

 

Muitos Ferramenteiros usam a palavra estratégia como se estivessem de fato fazendo-a. Não estão. Estão apenas operando a ferramenta. Lógico que sempre há um pouco de estratégia em uma ação, mas nem sempre a certa e nem mesmo a melhor (recomendo ler o livro “Estratégia boa, estratégia ruim” de Richard P. Rumelt, para entender esse ponto).

Como retrata Conrado Adolpho (autor do livro “Os 8Ps do Marketing Digital“), para mim o guru nestes assuntos estratégicos da área digtal, muitos Estrategistas acham que se não souberem mexer na ferramenta não podem ser considerados profissionais de marketing digital. Querem aprender todas as ferramentas a fundo perdendo o foco de sua função: entender de gente, ler, entender sobre o business, perceber para onde o mercado está indo, conversar com os empresários para entender seus problemas reais e fazer a tradução entre o “mundo real” e o “mundo dos bits”.

 

O Estrategista sabe que não é a ferramenta, e muito menos uma única ferramenta, que traz o resultado. O relacionamento pode estar no cartão (magnético em plástico) de fidelidade ou então em um bom atendimento. A rede social não faz absolutamente nada sozinha caso o atendimento da empresa seja péssimo ou não se importar verdadeiramente com o cliente.

O que existe é o bom e velho Marketing, mas em um mundo com novas regras, onde ele se transforma e muda a maneira como é operado. O Marketing porém, deve continuar falando de gente, não de máquinas ou novas ferramentas apenas.

 

O papel do Estrategista nesse ambiente digital, no Brasil, ainda está muito confuso dado o pouco conhecimento do que é esse novo ambiente e do que é a própria estratégia, palavra que tem sido usada para praticamente tudo (para entender melhor esse ponto, sugiro ler “Entendendo Michael Porter” de Joan Magretta).

 

Cabe aos poucos Estrategistas – sejam profissionais como o Administrador ou outro da área da Comunicação Social por ex., que estando capacitado a esta função gerencial – a missão de mostrar que uma boa estratégia, sinérgica, conjunta, coesa, pode levar qualquer cliente a LUA! O Ferramenteiro é tão necessário quanto o Estrategista e os dois devem trabalhar em conjunto, pois saber qual botão apertar é tão necessário em uma ação quanto saber como deve apertá-lo.